PARA UM DESCONHECIDO
O teu corpo são as vagas, as magas magalis. Ando perguntando do tempo quais suas vantagens, um sobrepor humano sobre coisa de deuses gregos. Amar é como estender meu braço para apertar teu pulso naquela tarde quente que ainda virá. Ando perguntado do tempo quais suas vertigens, depois do medo da noite e do cheiro de mar. Caminhar do pier em direção à barca é rumar fronteira para dentro do absurdo: onde a madeira vaga encontra o oceano, ali é onde somos, suspensos e raros. De toda filosofia esbocei teu corpo hoje, e sopras os cabelos meus com a consciência de homem viril que abandonou de vez a pena para romper do silêncio a música profunda das águas. Com este meu corpo que se alinha ao teu, em que aparatos se encaixam e fundem, hei de romper nossos limites de carne e sal. Sou como a água e a maresia que em profusa harmonia adensam em volume para depois, nos claros de afogar sentimento, revelam do entreaberto o tênue e frágil coração minério. E como a carne faz romper linguagem, e como o silêncio faz romper teu idioma na terra do meu ser jovem demais, adentro as vagas de tuas paisagens para pintar de azul restingas e areais. E como minhas mãos não estivessem acostumadas a transgredir os espaços, faço-me virgem por detrás da camisa azul de botão, e eis que o corpo mostra que, escafandro, te abraça as costas dos poréns finais.
O teu corpo são as vagas, as magas magalis. Ando perguntando do tempo quais suas vantagens, um sobrepor humano sobre coisa de deuses gregos. Amar é como estender meu braço para apertar teu pulso naquela tarde quente que ainda virá. Ando perguntado do tempo quais suas vertigens, depois do medo da noite e do cheiro de mar. Caminhar do pier em direção à barca é rumar fronteira para dentro do absurdo: onde a madeira vaga encontra o oceano, ali é onde somos, suspensos e raros. De toda filosofia esbocei teu corpo hoje, e sopras os cabelos meus com a consciência de homem viril que abandonou de vez a pena para romper do silêncio a música profunda das águas. Com este meu corpo que se alinha ao teu, em que aparatos se encaixam e fundem, hei de romper nossos limites de carne e sal. Sou como a água e a maresia que em profusa harmonia adensam em volume para depois, nos claros de afogar sentimento, revelam do entreaberto o tênue e frágil coração minério. E como a carne faz romper linguagem, e como o silêncio faz romper teu idioma na terra do meu ser jovem demais, adentro as vagas de tuas paisagens para pintar de azul restingas e areais. E como minhas mãos não estivessem acostumadas a transgredir os espaços, faço-me virgem por detrás da camisa azul de botão, e eis que o corpo mostra que, escafandro, te abraça as costas dos poréns finais.
(06/12/09)